Finalmente!
Minha opinião é que isto demorou muito para ocorrer. Segundo estatísticas divulgadas na mídia, há 27.000 candidatos à adoção, e 5.000 crianças disponíveis legalmente para serem adotadas. Se a burocracia e o preconceito não fossem tão grandes, a maior parte destas crianças estariam em um lar.
É claro que há de se considerar que nem todas as crianças são bebês, ou têm olhos azuis como desejam muitos candidatos, e isto é um outro fator a ser considerado.
Mas focando na questão do preconceito, a questão não está somente no Judiciário ou na Vara da Infância e da Juventude.
A sociedade que se diz "não preconceituosa" contribui e muito para esta situação. Ontem, comentando sobre a decisão do STJ, ouvi, na minha opinião, um dos maiores absurdos no quesito preconceito:
" - Eu não concordo! Acho que a criança vai ter um desvio de comportamento."
Eu: Como assim um desvio de comportamento? Você quer dizer que ela vai se tornar homossexual porque está sendo criada por um casal homo?
" - Sim! "
Eu: Você conhece ou tem contato com algum homo?
" - Sim! "
Eu: Os pais desta pessoa são homo?
" -Não! "
Eu: Se o casal hétero não influenciou a opção sexual do filho, pq o homo influenciaria?
" - Ah, mas não é só isso, a criança vai ser mais agressiva ! "
Gente, eu parei por aí, porque senti minha pressão arterial subindo e preferi não passar mal.
Respeito a opinião de todos, sempre, porém, "achismo" p/ mim não é opinião. Acho que as pessoas preconceituosas acham que o casal homo fica dando pinta 24h por dia, como se estivessem em um show de transformistas, maquiados e com cílios postiços a todo tempo e usando bota rosa para lavar louça.
Abram suas mentes!
Parte da burocracia da Vara da Infância, tem razão de ser. Há visitas, análise e acompanhamento daqueles que se candidatam à adoção .
Trabalho, pagamento de contas, vida social normal, vida em casa normal, passeios no parque ou no shopping, não são um privilégio de quem é hétero.
Há psicólogos/assistentes sociais que analisam a vida e o estilo de vida do casal candidato, o cuidado do casal com a criança, entre outra série de fatores.
O preconceito é tão ignorante e cruel, que prefere abrir mão de um lar com estrutura e amor para as crianças ( muitas delas nunca tiveram uma família, ou vieram de família violenta, ou perderam seus pais ........) e deixá-las em instituições até que elas atinjam uma idade em que a grande maioria, infelizmente, perdem grande chance de serem adotadas.
Fico feliz pelo casal, mas principalmente pelas crianças. São menos duas dormindo em instituições, sendo aglomeradas, com pouquíssimos recursos e que pararam de sofrer com a chegada de cada visitante que olha para todas no pátio e não escolhe por elas.
Parabéns também ao STJ.