quinta-feira, 29 de abril de 2010

Adoção! Reconhecimento!





O STJ ( Superior Tribunal de Justiça ), reconheceu o direito de adoção de crianças para um casal de mulheres.

Finalmente!

Minha opinião é que isto demorou muito para ocorrer. Segundo estatísticas divulgadas na mídia, há 27.000 candidatos à adoção, e 5.000 crianças disponíveis legalmente para serem adotadas. Se a burocracia e o preconceito não fossem tão grandes, a maior parte destas crianças estariam em um lar.

É claro que há de se considerar que nem todas as crianças são bebês, ou têm olhos azuis como desejam muitos candidatos, e isto é um outro fator a ser considerado.

Mas focando na questão do preconceito, a questão não está somente no Judiciário ou na Vara da Infância e da Juventude.

A sociedade que se diz "não preconceituosa" contribui e muito para esta situação. Ontem, comentando sobre a decisão do STJ, ouvi, na minha opinião, um dos maiores absurdos no quesito preconceito:

" - Eu não concordo! Acho que a criança vai ter um desvio de comportamento."

Eu: Como assim um desvio de comportamento? Você quer dizer que ela vai se tornar homossexual porque está sendo criada por um casal homo?

" - Sim! "

Eu: Você conhece ou tem contato com algum homo?

" - Sim! "

Eu: Os pais desta pessoa são homo?

" -Não! "

Eu: Se o casal hétero não influenciou a opção sexual do filho, pq o homo influenciaria?

" - Ah, mas não é só isso, a criança vai ser mais agressiva ! "

Gente, eu parei por aí, porque senti minha pressão arterial subindo e preferi não passar mal.

Respeito a opinião de todos, sempre, porém, "achismo" p/ mim não é opinião. Acho que as pessoas preconceituosas acham que o casal homo fica dando pinta 24h por dia, como se estivessem em um show de transformistas, maquiados e com cílios postiços a todo tempo e usando bota rosa para lavar louça.

Abram suas mentes!

Parte da burocracia da Vara da Infância, tem razão de ser. Há visitas, análise e acompanhamento daqueles que se candidatam à adoção .
Trabalho, pagamento de contas, vida social normal, vida em casa normal, passeios no parque ou no shopping, não são um privilégio de quem é hétero.
Há psicólogos/assistentes sociais que analisam a vida e o estilo de vida do casal candidato, o cuidado do casal com a criança, entre outra série de fatores.

O preconceito é tão ignorante e cruel, que prefere abrir mão de um lar com estrutura e amor para as crianças ( muitas delas nunca tiveram uma família, ou vieram de família violenta, ou perderam seus pais ........) e deixá-las em instituições até que elas atinjam uma idade em que a grande maioria, infelizmente, perdem grande chance de serem adotadas.

Fico feliz pelo casal, mas principalmente pelas crianças. São menos duas dormindo em instituições, sendo aglomeradas, com pouquíssimos recursos e que pararam de sofrer com a chegada de cada visitante que olha para todas no pátio e não escolhe por elas.

Parabéns também ao STJ.

2 comentários:

  1. Não tenho preconceito, concordo tbm com tudo o que vc escreveu mas não posso deixar de pensar na assimilação da criança. Nosso país é de terceiro mundo e quero dizer com isto que não é certo que este acompanhamento vá ser feito continuamente. Há que se pensar também que estas crianças irão ser confrontadas por outras, sacaneadas até e com certeza isto vai causar desconforto. Não é que eu seja contra como já disse, mas nossa sociedade está pronta para isto? meu abraço.

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  2. Jefferson, primeiro, obrigado pelo comentário.
    "A sociedade está pronta para isto?"
    A questão é exatamente esta, se não houver REALMENTE igualdade para todos, a "sociedade" nunca estará preparada concorda? As crianças serão confrontadas por outras e sacaneadas ? pode ser que sim, mas o principal não é isso em minha opinião, e sim o preparo emocional que o casal certamente irá fazer com as crianças adotadas. Seria injusto, cruel e com certeza iria ferir o direito da criança ( previsto em Lei), jogá-la simplesmente em uma nova realidade, sem que seja preparada no seu dia a dia com diálogo, carinho e sinceridade. Crianças aprendem e entendem as coisas mais facilmente, quando vc usando vocabulário de fácil entendimento p elas, fala a verdade e explica as coisas de acordo com sua faixa etária e maturidade. A maldade e o preconceito estão nos adultos, que infelizmente, transferem para seus filhos. Se vc os educa conscientizando desde cedo, eles ficam mais fortalecidos emocionalmente, e não precisam "seguir" o que vc pensa, pois adquirem opinião própria, têm a oportunidade de a partir de determinada idade, ver as coisas como elas são e não como a "sociedade" gostaria que fosse.
    Espero que as coisas comecem a mudar rapidamente com este precedente do STJ e assim, dar oportunidade a tantas pessoas que têm amor para dar, e principalmente, crianças precisando receber este amor, além de um lar, uma família.

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